Suba a minha oração perante a vossa face como incenso, e as minhas mãos levantadas sejam como o sacrifício da tarde. {Salmos 141:2}

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Queiras transformação



- dedicado a @tiaracarvalho

Queiras transformação. Sejas entusiasta da chama,
Onde te escapa uma coisa que ostenta transformação de raízes.
O espírito de criação, mestre da terra,
No elã da figura, não ama nada como o ponto de mudança.

O que se tranca na permanência, já está petrificado;
Será que se imagina seguro no abrigo de uma decrepitude invisível?
Espera: a maior dureza, à distância, adverte à dureza.
Ai -: o martelo ausente se prepara!

Aquele que jorra como fonte o reconhecimento o reconhece
E guia em êxtase através da criação serena
Que, muitas vezes, com o princípio se completa e começa com o fim.

Todo espaço feliz é filho ou neto da separação,
Que admiradores atravessam. E Dafne transformada em raízes,
Como loureiro, quer que tu te transformes em vento.


Rainer Maria Rilke, "12".
"Sonetos a Orfeu"



quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Caixinha de música



Se alguém quiser ouvir a minha alma
Em uma música
É só dar corda
Em qualquer caixinha

Os sons secos, cadenciados
São a valsa da minha vida
O suspense delicado
A melancólica alegria
Que, num átimo, acaba
E dá voz ao silêncio...

Realejo distante, vago
Que conduz meu relicário
Volteando no infinito
Dando corda ao imaginário
Eis, no cálculo das batidas,
O mistério, o ciclo da vida
- Que se rompe sem razão...

Eu sou a bailarina do porta-joias
Tateando em meu próprio mundo
Na engrenagem do vazio
Contudo, peço: feche a caixa
Deixe-me adormecer e sonhar
Com um mundo brilhante de joias
Com valsinhas que nunca ouvi
Até acordar
Se alguém quiser ouvir a minha alma
Em uma música



~Renata Ribeiro~

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Ladainha



Teu coração dentro do meu descansa,
Teu coração, desde que lá entrou:
E tem tão bom dormir essa criança,
Deitou-se, ali caiu, ali ficou.

Dorme, menino! dorme, dorme, dorme!
O que te importa o que no Mundo vai?
Ao acordares desse sono enorme
Tu julgarás que se passou um ai.

Dorme, criança! dorme, sossegada,
Teus sonos brancos ainda por abrir:
Depois, a Morte não te custa nada,
Porque a ela habituaste-te a dormir...

Dorme, meu Anjo! (a Noite é tão comprida!)
Que doces sonhos tu não hás-de ter!
Assim, com o hábito de os ter na Vida
Continuarás depois de falecer...

Dorme, meu filho! cheio de sossego,
Esquece-te de tudo e até de mim.
Depois... de olhos fechados, és um cego,
Tu nada vês, meu filho! e antes assim.

Dorme os teus sonhos, dorme e não mos digas,
Dorme, filhinho! dorme, dorme, "oó"...
Dorme, minha alma canta-te cantigas,
Que ela é velhinha como a tua Avó!

Nenhuma ama tem um pequenino
Tão bom, tão meigo; que feliz eu sou!
E tem tão bom dormir esse menino...
Deitou-se, ali caiu, ali ficou.


António Nobre, Paris, 1894.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Escreva


Quando se escreve, às vezes é preciso abrir mão de tudo e simplesmente ordenar-se: - escreva! Comida no forno, trabalho por fazer, hora de dormir, o que seja; o maior pecado do escritor é resistir ao imperioso chamado da pena.

Mas escrever sobre o quê, ele logo se pergunta. Parece que o ato de escrever sempre tem de ter um porquê e um sobre o quê, além dos execráveis e dolorosos como e com que fim (nos dois sentidos da palavra "fim"). O próprio impulso da escrita é tão voraz e inacessível que por vezes se torna impossível pausar-lhe, fazer-lhe qualquer dessas perguntas; o máximo que se consegue é seguir-lhe o rastro, no ritmo sempre atrasado do lápis sobre o papel, da luta retardada entre a coordenação da mão e a do pensamento.

"Lutar com as palavras é a luta mais vã", já dizia o nosso nobre guerreiro (e vencedor) Carlos Drummond de Andrade. O guerreiro da palavra é talvez o menos nobre e mais ensanguentado, pois sua arma fere não só os outros, mas ele mesmo, enquanto luta. É uma luta desleal entre interior e exterior, numa mediação complexíssima que pode resultar tanto em medalhas de honra quanto em aversão e ostracismo, sem critérios suficientemente claros.

O que se sabe, quando se tem este espírito maldito de escritor, é que uma vez nascido com esta marca, não se pode ignorá-la, sob o risco de definhar em tédio e em mediocridade, sufocando até a morte em sílabas engolfadas. Portanto, se você se identificou com algo do que se disse até agora, escreva! Simplesmente escreva, sem se perguntar se é bom ou ruim, pois até o mundo está sempre em dúvida sobre isso. Além do mais, quem pode criticar o que se faz simplesmente para poder existir?

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.

Luís Vaz de Camões, em "Sonetos"

domingo, 5 de setembro de 2010

Leitura póstuma dos poetas sempre vivos



Assombra-me um arrepio

Ao ouvir dos versos a música,

Neste sarau tardio,

A soar sua beleza súbita


Opera-se mágica tal

Quando se encontram palavra e voz

Que subleva-se calor irreal

Entre os poetas lidos e nós


Homenagem tão grande é esta leitura

Que não podemos adivinhar-lhe a glória

De revelar a mais perpétua das honras

A qual dá-se, em secreto, nesta hora


Pois não habita em um nome

Pomposo, em ouro, num livro a luzir

Mas apenas na alma de um homem

Que, ao ler o poema, pôde sorrir...

terça-feira, 31 de agosto de 2010

nem sempre fala-se de amor



Vai, amor
Pra toda a vida
Não olhes pra trás
Na hora da partida
Não me mande lembrança
Nem carta amorosa
Vivias num perfeito mar-de-rosas

Te dei carinho
Dei um lar
O que pude enfim
Não sei porque procedeste assim
Agora é tarde para me pedir perdão
Eu sigo a ordem
Dada por meu coração

Eu sei que andava fora da realidade
Graças a Deus decidi
Sem ter remorso, nem saudade
Não chore, por favor
Porque um bom perdedor não chora
Reconhece a derrota
Se dirige a porta
Abre, diz adeus
E vai-se embora


Clara Nunes,
a eterna morena de Angola

sábado, 14 de agosto de 2010

Imagine



Imagine que não há céu
ou inferno nos aguardando
Somente imagine, por um momento
Que não há julgamento

Porque o ser está sempre mudando...

Imagine que a vida é linda
Que é sempre assim, colorida
Que as palavras são vivas
Que se pode viver de amor e palavra

Porque o ser está sempre mudando...

Imagine que somos livres
Que podemos dizer o que sentimos
Que podemos sentir o que queremos
Que somos donos do nosso coração

Porque o ser está sempre mudando...

Imagine, somente imagine
O que você pode ser amanhã
O que você pode ser hoje
O que todos podíamos ser

Porque o ser está sempre, sempre mudando...

domingo, 25 de julho de 2010



Tu não mereces que eu escreva
Tanta coisa pensando em ti
Nem mesmo ignorando-o por completo
Não mereces que eu escreva para ti

Outro destino para as palavras, porém,
Não encontro eu, enfim,
E acabo voltando ao mesmo tema:
O eterno retorno do sem-fim.

Vejo, contudo, para ledo meu,
Que tu não és tu assim!
Tu és tu, és ele, és muitos
Que me amaram antes e depois de ti!

És pessoa, objeto, lugar
És primavera, outono e verão
És presente, passado e futuro
Veja só! És tu, o amor!


São Luís, 17/05/10

sábado, 19 de junho de 2010





Meus olhos só podiam ser castanhos
Pois sou eu toda tão castanha,
Tão comum
E ao mesmo tempo, tão estranha
Que outra cor, ao me fitarem,
Não poderiam encontrar
Senão a mais comum de todas
Porém profunda e forte
Como um sulco na mais antiga árvore
De tronco retorcido.

sábado, 12 de junho de 2010

separação


Há um quê de beleza na separação
Não sei por que a surpresa
A vida é partida e chegada
Nisto reside a sua beleza

Acaso há olhar mais lânguido
Do que aquele que, ansioso,
Vê o amado, indiferente, passar?
Há, porventura, cena mais comovente
Que uma moça na janela a chorar?

Na ausência mora algo de delicado
Uma súbita revelação do ser que habita
O mais profundo da alma
Este ser que tudo perscruta e tudo conhece
Que já pressentia a partida
Muito antes que acontecesse

domingo, 6 de junho de 2010

Anamorfose - ou não

Era uma tarde chuvosa e pouco importava que alguns - principalmente crianças, sempre elas! - enfrentassem a tempestade, ela não ia arredar pé daquela mercearia. Mas logo agora, essa chuva? Não podia haver outra hora para os céus chorarem a tragédia que veem lá de cima? Ana não viu outra saída senão desacelerar seus passos, seus pensamentos (sempre tão frenéticos) e simplesmente parar embaixo do toldo da venda.

O tempo - o secreto inexprimível, que não se sabe quem inventou: Deus ou o homem - revelou então sua mistura pastosa com o espaço: eis a relatividade, diante dos seus olhos! Crianças correndo e gritando na rua, trovões, um caminhão parado, xampus, balinhas, ração para gato. Os olhos de Ana passeiam para lá e para cá; às vezes encontram outros olhos e logo fogem, sem encontrar ponto onde se fixar. Ana começa, então, a ler rótulos, para não sentir o agudo pulsar do tempo passando lento...

Chegam algumas pessoas no mercado, também tentando se abrigar do temporal. Alguns têm guarda-chuva, compram algo e simplesmente seguem seu caminho. Outros, porém, adentram o estabelecimento esbaforidos, com aquela vergonha sem sentido que sentimos quando a água nos molha os cabelos, a roupa e leva consigo nossas máscaras.

O fato é que o tempo estava passando, ainda que lento, e a agonia ativista de Ana levava-a a regulares ataques de ansiedade. De cinco em cinco minutos, lembrava-se de algo que estava por fazer, e a maldita chuva não a deixava ir!... Pois a chuva não deixou mesmo, e abriu-se de vez um buraco na tarde.

De repente os olhos de Ana encontraram os da atendente do caixa, e não fugiram medrosos. De repente tudo se desarmou e só restaram eles, os cabelos bagunçados, as roupas manchadas e os olhos puros e simples. A atendente foi quem quebrou o silêncio:

- Está vindo do trabalho?
- Estou, sim... Essa chuva que nos pega de repente, hein?
- Pois é... Um atraso de vida.

Foi aí que Ana reparou que aquela moça, que a havia atendido tantas vezes, devia ter praticamente a sua idade. Tinha um corte de cabelo parecido com o seu. Tinha um nome, e era Joana! Até o nome era quase o mesmo... Que mais teriam em comum? Reparou que ela tinha olhos, que tinha olhos verdes, e que havia luz nos seus olhos.

Mal trocaram mais uma frase, porém, e a chuva passou. Despediram-se com voz de amizade, com as vogais alongadas em tom jovial. Ana foi para casa pensando nessas pessoas-função, nessas pessoas-máquina com as quais nos deparamos todos os dias, mas não as enxergamos; somente esperamos que o serviço seja executado, e rápido.

Na outra semana, Ana foi ao mercado, atravessou sorrateira e constrangida a frente da loja, evitando o olhar da atendente - qual era mesmo o seu nome? -, pegou o que queria, e foi até o caixa. Joana lançou-lhe um olhar esperançoso e só recebeu um levantar de sobrancelhas e um leve aceno de cabeça. Que bom que hoje não está chovendo...

terça-feira, 9 de março de 2010

Arrebol




O crepúsculo é quase uma foto de Deus
A palmeira bailando ao vento
Os pássaros com seus voos elípticos
As flores amarelas
As nuvens multiformes
Todo esse belo intocável
Derrama uma paz na minha alma
Que só sente quem vê com o coração.
O riso de uma criança quebra o silêncio
Para dar um recado do Pintor da cena:

"Quando a gente virar anjo,
A gente vai cantar pra Deus:
'vitória! vitória! vitória!'
Né, tia?"



S.L., 02 de março/2010

terça-feira, 2 de março de 2010

um pedido à estrela


Já enjoei dos meus livros,
de todas as minhas músicas,
de todos os meus afazeres.
Já enjoei desses meus dias pálidos,
de emoções fracas, quase nulas
ou, por vezes, frustrantes.
Meu maior desejo agora
se uma estrela o quisesse conceder
ao contemplar, do céu, minha solidão
seria um instante apenas
um efêmero pulsar
como o seu próprio brilho, na noite...
Que ela me desse apenas esses segundos
Sem consequências ou ilusões
E me trouxesse de volta à minha paz!
No entanto, inerte e rígido,
O astro ouve as minhas súplicas
E ri-se; bem sei a razão:
"Tolo ser humano! Acaso pensa que subsistirá,
ileso, a essa armadilha da emoção?
Mil infortúnios podem passar esses seres,
mas nunca aprendem;
o que lhes domina é o coração!"


//S.L., 09 fev. 2010

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Grávido de pai


Quando alguém se torna pai ou mãe, passa a ter uma nova sina: esperar.
Espera pelo nascimento do filho, pelo seu primeiro choro, pelo abrir de seus olhos, pelos seus primeiros passos, por seu balbuciar "mamã" ou "papá"...

O filho, por sua vez, sente apenas em parte o mundo à sua volta e as expectativas lançadas sobre ele antes mesmo de seu nascimento. Sua vida é receber: carinho, sons, calor, alimento...; enquanto a dos pais é sempre se desdobrar em mil. por puro amor, para dar tudo ao filho.

Por essa razão, talvez, é que os filhos nunca se lembrem de ligar, enquanto os pais não dormem antes de receber uma única nóticia alentadora que seja. Deve ser também esse descompasso temporal de expectativas o motivo pelo qual o filho de conforma, após algum tempo, com a morte dos pais, enquanto um pai ou uma mãe jamais falam sem lágrimas nos olhos de um filho que partiu.

Mas e se fosse o contrário? E se o filho é que tivesse sempre de esperar pelos pais, cuidar deles e guardar memórias que os pais esqueceriam?

Isso é tão comum que nem precisa ser inventado. Acontece provavelmente todos os dias, quando uma criança recebe a notícia de que está prestes a ser adotada.

Tal qual uma mãe quando descobre que espera um bebê, essa criança fica com o coração cheio d ansiedade. Ambas imaginam como será a família que está para surgir. A mãe imagina como será o rosto do seu filho, pensa em um nome para ele... Com a criança do orfanato, acontece algo semelhante: ela sonha com o rosto do pai, pergunta-se como ele deverá se chamar...

A mãe lembra para sempre dos meses de espera e de preparação para a chegada do nenê; a criança órfã jamais esquece os anos passados sob cuidados coletivos, de caridade e não de amor.

E depois que passa o longo período de espera - gestação ou adoção - a mãe e a criança órfã recebem a dádiva de amor naquela nova pessoa em sua vida, e ambas compreendem o valor profundo dessa experiência, quando vivenciada em plenitu

- Jorginho, você está aí?
- Estou, Irmã. O que foi?
- Ah, você está aí, escrevendo... - disse a freira ao ver o rapazinho só, no amplo refeitório. - É uma carta para sua futura família?
- Quase isso, Irmã...
- Esse Jorge, desde que soube que vai para um novo lar, vive com a cabeça nas nuvens...
- É, irmã Eunice, acho que estou grávido de pai...!




//Teresina, 26/01/10

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

. música de Legião [e tão minha!]

Achei um 3x4 teu e não quis acreditar
Que tinha sido há tanto tempo atrás
Um exemplo de bondade e respeito
Do que o verdadeiro amor é capaz.

A minha escola não tem personagem
A minha escola tem gente de verdade
Alguém falou do fim do mundo,
O fim do mundo já passou
Vamos começar de novo:
Um por todos, todos por um.

O sistema é mau, mas minha turma é legal
Viver é foda, morrer é difícil
Te ver é uma necessidade
Vamos fazer um filme.

E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te amo."?

Sem essa de que: "Estou sozinho."
Somos muito mais que isso

Somos pingüim, somos golfinho
Homem, sereia e beija-flor

Leão, leoa e leão-marinho
Eu preciso e quero ter carinho, liberdade e respeito
Chega de opressão.
Quero viver a minha vida em paz.

Quero um milhão de amigos
Quero irmãos e irmãs
Deve de ser cisma minha
Mas a única maneira ainda
De imaginar a minha vida
É vê-la como um musical dos anos trinta

E no meio de uma depressão
Te ver e ter beleza e fantasia.

E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te amo."?
E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te amo."?
E hoje em dia, como é que se diz: "Eu te amo."?
E hoje em dia, vamos fazer um filme ?

Eu te amo
Eu te amo
Eu te amo

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

'Hoje eu desafio o mundo sem sair da minha casa
Hoje eu sou um homem mais sincero
E mais justo comigo
(...)
Não se trata de coragem
Mas meus olhos estão distantes
Me camuflam na paisagem
Dando um tempo, tempo, tempo
Pra cantar

Me deixa, que hoje eu tô de bobeira
Bobeira'

Mundo vasto, mundo louco
Onde ninguém é de ninguém
Onde o vazio dá lugar ao oco
Onde a razão está para aquém

Mundo duro, mundo tirano
Se hoje juro a alguém que o amo
Amanhã já não saberei quem é
Amanhã será outro dia; até!

Hoje gosto de você
Amanhã não gosto mais
'Hoje, preciso de você'
Amanhã não preciso mais
Hoje sou seu amigo
Amanhã não serei mais
Hoje estou aqui contigo
Amanhã não estarei mais

E o que terá restado?
'terra, cinzas, pó, sombra e nada'?
Qual a razão para tudo ter sido como foi?
Será um dia revelada?
Não posso morrer sem saber
Por que amei e não fui amada
Não posso viver sem saber
Se um dia serei encontrada
E resgatada
Do meu navegar sombrio
...................Pelos mares da

...................................solidão.




/18.12.09