Suba a minha oração perante a vossa face como incenso, e as minhas mãos levantadas sejam como o sacrifício da tarde. {Salmos 141:2}

sábado, 24 de maio de 2008

A incapacidade de ser verdadeiro


Paulo tinha fama de mentiroso. Um dia chegou em casa dizendo que vira no campo dois dragões-da-independência cuspindo fogo e lendo fotonovelas. A mãe botou-o de castigo, mas na semana seguinte ele veio contando que caíra no pátio da escola um pedaço de lua, todo cheio de buraquinhos, feito queijo, e ele provou e tinha gosto de queijo. Desta vez Paulo não só ficou sem sobremesa, como foi proibido de jogar futebol durante quinze dias. Quando o menino voltou falando que todas as borboletas da Terra passaram pela chácara de Siá Elpídia e queriam formar um tapete voador para transportá-lo ao sétimo céu, a mãe decidiu levá-lo ao médico. Após o exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabeça: “Não há nada a fazer, Dona Coló. Este menino é mesmo um caso de poesia”.



Carlos Drummond de Andrade : D

quarta-feira, 21 de maio de 2008

A cidade do sol - apenas impressões pessoais


Uma madrugada, nada demais
No dia seguinte não há aula
E a história precisa continuar
Como um filme no cinema,
Que não tem intervalo.

Os meus olhos brilham junto
Com os de esmeralda de Laila, e não crêem
Ao ler o nome "Tariq", ficando tão ou mais
sem fôlego do que ela ao ver seu amor
Depois de tanto tempo... Tanto sofrimento...

A dor, a coragem e a abnegação de Mariam
A morte merecida de Rashid
O amor de uma vida inteira, sensato e louco,
De Laili e Majnoon; Laila e Tariq.
O pressentimento do que iria acontecer a Nana...

Todo o meu ser devorou este livro
E as suas palavras ainda estão
Ressonando no meu coração
Essa bela história, que ficará em minha memória
Assim como a revolta por uma guerra sem vitória...
Sem vencedores e sem sentido....
[Não tenho palavras: é lindo!]

quinta-feira, 15 de maio de 2008

As águas de minha vida



Num mar de saudade
Memórias inquietantes me inundam
Sonhos afogados me perturbam
Quimeras doutra cidade....

Quando nasci, era um rio transparente
Que pela força da corrente
Foi deixando-se levar

Eu era uma límpida nascente
Uma criança inconseqüente
Livre dos perigos do mar

Mas poluíram-me a alma em dissabores
Falsas promessas, falsos doutores,
Querendo o meu rio assorear

Os sedimentos, as folhas caídas
As flores das primaveras vividas,
Tudo caminha para a foz:
O oceano - destino atroz!

Onde tudo irá se misturar...

quarta-feira, 7 de maio de 2008

A Flor Bela dos sonetos de oiro





Se tu viesses ver-me...


Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,

A essa hora dos mágicos cansaços,

Quando a noite de manso se avizinha,

E me prendesses toda nos teus braços...


Quando me lembra: esse sabor que tinha

A tua boca... o eco dos teus passos...

O teu riso de fonte... os teus abraços...

Os teus beijos... a tua mão na minha...


Se tu viesses quando, linda e louca,

Traça as linhas dulcíssimas dum beijo

E é de seda vermelha e canta e ri


E é como um cravo ao sol a minha boca...

Quando os olhos se me cerram de desejo...

E os meus braços se estendem para ti...