Suba a minha oração perante a vossa face como incenso, e as minhas mãos levantadas sejam como o sacrifício da tarde. {Salmos 141:2}

segunda-feira, 11 de março de 2019

a vida pede para abrandar

As pessoas hoje querem fazer tudo.
Casar, ter filhos, fazer graduação, mestrado, doutorado, trabalhar, cuidar do corpo, se divertir, ter uma religião, tudo ao mesmo tempo. Eu, de certa forma, me incluo.
Mas estou percebendo que a vida pede para abrandar.

A natureza não segue esse ritmo frenético da modernidade, nem nunca irá seguir. A semente cai em terra fértil e requer tempo e condições para brotar. A árvore não fica frondosa em um dia, nem em dois, mas em meses e anos. Os frutos não dão em todo o tempo, mas somente na estação propícia.

Nós somos parte da natureza, por mais que a vida urbana nos faça crer que não. Um bebê não cai em nosso colo do nada; é fruto de um encontro com outra pessoa, de todo um desenvolvimento celular, depois corporal da mãe e do feto, até que, após cerca de nove meses de muita espera e sacrifício (principalmente na hora do parto), o neném chega a nossos braços.

Este é um dos poucos momentos que a mulher moderna ainda aceita esperar, e só porque a ciência ainda não permitiu o contrário. De resto, queremos tudo para ontem: diploma, emprego, relacionamento, saúde, bens E onde será que vamos parar com tudo isso? Onde fica a nossa vocação no meio desse redemoinho todo?

Sim, cada vez mais sinto que temos uma vocação. Cada mulher deve ter a sua, bastante particular; cada pessoa, aliás, sendo homem ou mulher. Mas o ser feminino está intimamente ligado à criação, à geração da vida. Isso é inegável, mas tem sido reiteradamente negado pela sociedade, de inúmeras formas. Se foram conquistados espaços e possibilidades para a mulher, também lhe foram tolhidas certas características essenciais, como o dom de cuidar, a delicadeza, a gentileza, a paciência. Isso vai se perdendo no dia a dia do trabalho, na correria.

Não estou querendo dizer que as mulheres que trabalham não sabem mais cuidar e são grosseiras e impacientes, absolutamente. Há donas de casa que são assim. O que vejo é que muitas mulheres que trabalham fora vivem um dilema, pois gostariam de estar mais presentes em casa e de ter mais calma no cotidiano para dar atenção aos seus, à sua casa e a si mesmas e não podem, por conta de uma rotina alucinada.

Vejo que esse ativismo está matando as pessoas, causando frustração, depressão, sobrepeso, hipertensão. No caso das mulheres, isso se agrava pelo fato de elas terem múltiplas funções. Quando têm filhos, por exemplo, o pai pode até estar presente e fazer muitas coisas, mas há outras que somente a mãe pode fazer, como amamentar, dar aquele colo especial, sei lá... É difícil de explicar o sentimento que só uma mãe causa em seus filhos, porque é algo muito profundo, umbilical.

Não quero esse ativismo pra mim. Essa ânsia por mais dinheiro, status, poder. Só quero não passar necessidade, nem situações constrangedoras ou perigosas por falta de dinheiro. Quero paz; hora para trabalhar e hora para descansar; ócio criativo; qualidade de tempo; tempo, enfim. E a liberdade de poder viver a minha essência feminina da maneira que acredito.