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Fidelidade

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Quero encontrar o amor que nunca tive Gestos novos, palavras nunca ditas Emoções corriqueiras e inimagináveis Quero encontrar a novidade, enfim Num amor que não cabe em mim No meu medo das coisas estáveis Leiamos uma vez mais Os livros que já lemos juntos Renovemos nossos assuntos Diminuamos nossos “ais” Deixa-me adoçar teu café Fazer-te um agrado, um cafuné Que nos faça esquecer quem somos Que nos faça lembrar os sonhos Refletir-me sempre nos mesmos olhos Com uma dose a mais de ternura Sentir sempre as mesmas mãos Com o toque inesperado de candura Beijar sempre os mesmos lábios Esgotando-os em carinho e fartura O amor que nunca tive é, ao fim, O amor que sempre tive em mim É a paixão que se transformou Na suave (in)constância do amor. 16.10.08 ; renatinha limaa ~ *
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O sol enegrecido a que minha vida se assemelhou outrora Perdeu-se lá atrás, rasgou-se na aurora, Explosão de novos sonhos a brilhar e a surgir Seus raios esticam-se, espalham-se, Penetram em todas as frestas Do telhado, da janela, do olhar,do entendimento Vêm trazendo um Presente A quem se dispõe a admirar Um minuto apenas, alguns segundos E o cálido beijo-abraço do astro-rei Já se pode sentir Forma-se a mensagem na mente: "É... preciso... seguir... em frente." "É... preciso... recomeçar." No coração, no espírito, como quiser chamar O Presente do Eterno é entregue, E as águas do mar tornam-se em límpida nascente Água viva que reluz e que flui da gente Gotículas de alegria no ar A Misericórdia, novinha em folha, É deixada no coração cuidadoso Até a próxima manhã Quando o entregador luminoso Vier trazer a encomenda novamente.

Autopsicografia ~ Fernando Pessoa

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O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente. E os que lêem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve, Mas só a que eles não têm. E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a razão, Esse comboio de corda Que se chama coração .

Ética

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Certo dia, estava eu perto do fim da fila do Restaurante Universitário, já me preparando psicologicamente para esperar bastante, quando meu desconhecido colega da frente, que depois descobri ser do curso de filosofia, interrompe meus pensamentos com o seguinte comentário: - É impressionante como esse pessoal fura a fila, não é? - Ah, é! Eles vão entrando, na maior “cara-de-pau”. - Imagina só que profissionais serão esses... Eu vou continuar fazendo a minha parte. - É verdade, mas se a pessoa que for passada para trás não reclamar, tudo vai continuar como está. Nós também temos que mudar a nossa atitude. - As pessoas já estão acostumadas. O errado, quando é conveniente, se torna certo, ou no mínimo menos errado. Meu colega tirou um livro da mochila e começou a lê-lo, dando aqueles sinais não-verbais, porém inconfundíveis, de fim de conversa. Eu fiz o mesmo, mas meus pensamentos continuavam no assunto. Eu me perguntava, então: “Se em um ambiente elitizado como uma universidade, onde se s...

Só sei que não sei viver sem você

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Não sei se você ainda me quer Como sua namorada O que sei é que parada Já não posso mais ficar Não sei se sorriso ou silêncio Se poema ou lágrima, Telefonema ou carta, Pra revelar minha intenção Não sei se orgulho ou loucura, Se indiferença ou candura, Carro de som ou faixa na rua, Pra fazer você me olhar Só sei que essa dor me inspira E aqui dentro há uma voz que grita: “Tenha esperança! Não pare de lutar!” Só sei que preciso realmente de você Que eu não posso te perder, nem recuar Você é uma parte de mim... Só sei que nós dois erramos Que esquecemos nossos sonhos e planos E que não podemos acabar assim... Não sei qual será a sua resposta, Só sei que esta é a minha proposta: – Volta pra mim? ; renatinha ribeiro ~ *

clichê sentimentalóide melodramático

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Por que tínhamos que partir? Por que fomos tão apressados? Um beijo como adeus Nós dois tão calados... O vento frio, gelado Daquela noite azul e fria Não te teria mais ao meu lado A brisa do mar à noite é tão sombria... Depois que anoiteceu Nada mais eu vi, Não sei o que aconteceu, Disseste mesmo o que ouvi? As ondas quebravam com violência Mas era difícil reconhecê-las na escuridão Revoltado assim estava meu coração Com a tua futura ausência Que inconseqüência te amar! E só agora me dizes Que não vais mais estar... Pois bem, que te vá! E se um dia voltares Não mais me encontrarás...

Dezoito

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Dezoito anos tenho eu Dezoito primaveras A idade das quimeras Da infância que se perdeu A menina que brincou deveras Ainda não se cansou Sua boneca ainda a espera Junto ao coelhinho Tambor Mas agora não dá tempo A vida adulta está chegando A obrigação é um fio puxando Para bem longe da puerícia Temos que desviar o olhar Evitar gente desconhecida Ir levando a vida Correndo sem pensar Temos que perder a inocência, O amor, a complacência, Perder o tempo, grande tesouro Que possuíamos sem notar Estar na transição entre adulto e criança Dá uma certa tensão Mas traz também esperança Pois há à frente, um horizonte Indistinto, um alto monte Cujo cume sonhamos alcançar O que há lá? Só Deus sabe Por isso a Ele cabe O papel de nos orientar Então eu sigo com confiança Pois sendo adulta ou criança Tenho o Pai para me guiar.