Neste tempo quaresmal, não poderia ter sido melhor o livro que tinha em mãos: As Crônicas de Nárnia (O Leão, A Feiticeira e O Guarda-Roupa), de C. S. Lewis. Eu já tinha assistido à adaptação para o cinema - e gostado muito -, mas não havia reparado nas analogias cristãs presentes na obra e foi com esse olhar que percorri as suas páginas. Ele é encantador desde a dedicatória à afilhada do autor, Lucy Barfield - o que não deve ser mera coincidência com a personagem homônima, Lúcia. Lewis explica que escreveu o livro para ela, mas que o processo de escrita e edição levariam tanto tempo que ela só o teria em mãos quando já fosse crescida. No entanto, é justamente aí que o autor mesmo sugere que não se trata de leitura apenas para crianças: "um dia virá em que, muito mais velha, você voltará a ler histórias de fadas. Irá buscar este livro em alguma prateleira distante e sacudir-lhe o pó. Aí me dará sua opinião." Eu, apesar de não ter sido chamada, darei meu humilde parecer....
Tenho pensado sobre a minha relação com o celular e percebi que o problema vai muito além das redes sociais: a nossa vida toda tem sido mediada pela tecnologia, a ponto de afetar os nossos pensamentos e a nossa percepção das coisas ao redor. Até que ponto isso será inofensivo? Tudo bem, é muito prático pagar as contas por um clique em vez de imprimir um boleto e ir até uma agência. Mas será que essa praticidade não nos faz perder a noção do dinheiro? Por vezes me pego pensando que sim. Não temos mais a real noção de quantia devido à falta de volume em nossas mãos, à falta de materialidade. E isso acontece com diversas outras coisas em nossa vida cotidiana: trocar mensagens com amigos em vez de ligar ou conversar pessoalmente, enviar e-mail em vez de se demorar em uma reunião, tirar foto de algo e postar em vez de mostrar para alguém que está ao lado, interagir com pessoas distantes ou até desconhecidas em vez de dar atenção a quem está presente. Nem estou falando das outras mil pe...
As pessoas hoje querem fazer tudo. Casar, ter filhos, fazer graduação, mestrado, doutorado, trabalhar, cuidar do corpo, se divertir, ter uma religião, tudo ao mesmo tempo. Eu, de certa forma, me incluo. Mas estou percebendo que a vida pede para abrandar. A natureza não segue esse ritmo frenético da modernidade, nem nunca irá seguir. A semente cai em terra fértil e requer tempo e condições para brotar. A árvore não fica frondosa em um dia, nem em dois, mas em meses e anos. Os frutos não dão em todo o tempo, mas somente na estação propícia. Nós somos parte da natureza, por mais que a vida urbana nos faça crer que não. Um bebê não cai em nosso colo do nada; é fruto de um encontro com outra pessoa, de todo um desenvolvimento celular, depois corporal da mãe e do feto, até que, após cerca de nove meses de muita espera e sacrifício (principalmente na hora do parto), o neném chega a nossos braços. Este é um dos poucos momentos que a mulher moderna ainda aceita esperar, e só p...
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