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a vida pede para abrandar

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As pessoas hoje querem fazer tudo. Casar, ter filhos, fazer graduação, mestrado, doutorado, trabalhar, cuidar do corpo, se divertir, ter uma religião, tudo ao mesmo tempo. Eu, de certa forma, me incluo. Mas estou percebendo que a vida pede para abrandar. A natureza não segue esse ritmo frenético da modernidade, nem nunca irá seguir. A semente cai em terra fértil e requer tempo e condições para brotar. A árvore não fica frondosa em um dia, nem em dois, mas em meses e anos. Os frutos não dão em todo o tempo, mas somente na estação propícia. Nós somos parte da natureza, por mais que a vida urbana nos faça crer que não. Um bebê não cai em nosso colo do nada; é fruto de um encontro com outra pessoa, de todo um desenvolvimento celular, depois corporal da mãe e do feto, até que, após cerca de nove meses de muita espera e sacrifício (principalmente na hora do parto), o neném chega a nossos braços. Este é um dos poucos momentos que a mulher moderna ainda aceita esperar, e só p...

As Crônicas de Nárnia e suas analogias cristãs

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Neste tempo quaresmal, não poderia ter sido melhor o livro que tinha em mãos: As Crônicas de Nárnia (O Leão, A Feiticeira e O Guarda-Roupa), de C. S. Lewis. Eu já tinha assistido à adaptação para o cinema - e gostado muito -, mas não havia reparado nas analogias cristãs presentes na obra e foi com esse olhar que percorri as suas páginas. Ele é encantador desde a dedicatória à afilhada do autor, Lucy Barfield - o que não deve ser mera coincidência com a personagem homônima, Lúcia. Lewis explica que escreveu o livro para ela, mas que o processo de escrita e edição levariam tanto tempo que ela só o teria em mãos quando já fosse crescida. No entanto, é justamente aí que o autor mesmo sugere que não se trata de leitura apenas para crianças: "um dia virá em que, muito mais velha, você voltará a ler histórias de fadas. Irá buscar este livro em alguma prateleira distante e sacudir-lhe o pó. Aí me dará sua opinião." Eu, apesar de não ter sido chamada, darei meu humilde parecer....

A magia dos livros

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Quando eu era pequena, vivia perdida no meio dos livros dos meus pais e primos. Antes mesmo de ser alfabetizada, eu já lia muito: explorava cada lombada, com suas letras brilhantes e de diferentes formatos; cada capa, preferindo, como é óbvio, as coloridas e cheias de desenhos... Descobria no desenho de cada letra um bichinho ou objeto, desenhando no vão de cada letra um coração. Outras vezes, simplesmente coloria-os, ou transformava-os em carinhas felizes. As letras eram meus brinquedos favoritos. Certo dia, ganhei um livro que vinha com uma fita cassete. Foi uma revolução! Agora, mesmo que ninguém pudesse ler a história para mim, eu podia ouvi-la, e melhor: acompanhar com os meus olhos cada vez que o som ia passando pelas palavras. Foi assim, associando as figuras, os sons e as letras daquelas histórias, que eu aprendi a ler (com a ajuda da escola, é claro!). Daí para frente, nunca abandonei minhas amigas letrinhas e fui descobrindo diversos mundos e almas irmãs da minha por...

O maior risco da vida

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"O maior risco da vida, e mais perigoso, é amar; que morrer é acabar, e amor não tem saída. E pois penado, ainda que seja amado, vive qualquer amador; que fará o desamado e sendo desesperado de favor?" Gil Vicente, em O velho da horta
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Ah, quanta vez, na hora suave Em que me esqueço, Vejo passar um voo de ave E me entristeço! Por que é ligeiro, leve, certo No ar de amavio? Por que vai sob o céu aberto Sem um desvio? Por que ter asas simboliza A liberdade Que a vida nega e a alma precisa? Sei que me invade Um desejo, não de ser ave, Mas de poder Ter não sei quê do voo suave Dentro em meu ser. Fernando Pessoa ortônimo - Cancioneiro

Calma...

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Não somos mais Que uma gota de luz Uma estrela que cai Uma fagulha tão só Na idade do céu... Não somos o Que queríamos ser Somos um breve pulsar Em um silêncio antigo Com a idade do céu... Calma... Tudo está em calma Deixe que o beijo dure Deixe que o tempo cure Deixe que a alma Tenha a mesma idade Que a idade do céu... Não somos mais Que um punhado de mar Uma piada de Deus Um capricho do sol No jardim do céu... Não damos pé Entre tanto tic tac Entre tanto Big Bang Somos um grão de sal No mar do céu... Calma... Tudo está em calma Deixe que o beijo dure Deixe que o tempo cure Deixe que a alma Tenha a mesma idade Que a idade do céu A mesma idade Que a idade do céu... A mesma idade Que a idade do céu... (A Idade do Céu - Paulinho Moska)

A ordem das árvores não altera os pássaros

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GRAFIA 1 Água significa ave se a sílaba é uma pedra álgida sobre o equilíbrio dos olhos se as palavras são densas de sangue e despem objectos se o tamanho deste vento é um triângulo na água o tamanho da ave é um rio demorado onde as mãos derrubam arestas a palavra principia --- ♫♪ Naquele curió mora um pessegueiro Em todo rouxinol tem sempre um jasmineiro Todo bem-te-vi carrega uma paineira Tem sempre um colibri que gosta de jatobá Beija-flor é casa de ipê Cada andorinha é lotada de pinheiro e o joão-de-barro adora o eucalipto A ordem das árvores não altera o passarinho Naquele pessegueiro mora um curió Em todo jasmineiro tem sempre um rouxinol Toda paineira carrega um bem-te-vi Tem sempre um jatobá que gosta de colibri Beija-flor é casa de ipê Cada pinheiro é lotado de andorinha e o joão-de-barro adora o eucalipto A ordem das árvores não altera o passarinho ♫♪ [Fiama Hasse Pais Brandão e Tulipa Ruiz, respectivamente]