As pessoas hoje querem
fazer tudo.
Casar, ter filhos,
fazer graduação, mestrado, doutorado, trabalhar, cuidar do corpo, se divertir,
ter uma religião, tudo ao mesmo tempo. Eu, de certa forma, me incluo.
Mas estou percebendo
que a vida pede para abrandar.
A natureza não segue
esse ritmo frenético da modernidade, nem nunca irá seguir. A semente cai em
terra fértil e requer tempo e condições para brotar. A árvore não fica frondosa
em um dia, nem em dois, mas em meses e anos. Os frutos não dão em todo o tempo,
mas somente na estação propícia.
Nós somos parte da
natureza, por mais que a vida urbana nos faça crer que não. Um bebê não cai em
nosso colo do nada; é fruto de um encontro com outra pessoa, de todo um
desenvolvimento celular, depois corporal da mãe e do feto, até que, após cerca
de nove meses de muita espera e sacrifício (principalmente na hora do
parto), o neném chega a nossos braços.
Este é um dos poucos
momentos que a mulher moderna ainda aceita esperar, e só porque a ciência ainda
não permitiu o contrário. De resto, queremos tudo para ontem: diploma, emprego,
relacionamento, saúde, bens… E onde será que vamos parar com
tudo isso? Onde fica a nossa vocação no meio desse redemoinho todo?
Sim, cada vez mais
sinto que temos uma vocação. Cada mulher deve ter a sua, bastante particular;
cada pessoa, aliás, sendo homem ou mulher. Mas o ser feminino está intimamente
ligado à criação, à geração da vida. Isso é inegável, mas tem sido
reiteradamente negado pela sociedade, de inúmeras formas. Se foram conquistados
espaços e possibilidades para a mulher, também lhe foram tolhidas certas
características essenciais, como o dom de cuidar, a delicadeza, a gentileza, a
paciência. Isso vai se perdendo no dia a dia do trabalho, na correria.
Não estou querendo
dizer que as mulheres que trabalham não sabem mais cuidar e são grosseiras e
impacientes, absolutamente. Há donas de casa que são assim. O que vejo é que
muitas mulheres que trabalham fora vivem um dilema, pois gostariam de estar
mais presentes em casa e de ter mais calma no cotidiano para dar atenção aos
seus, à sua casa e a si mesmas e não podem, por conta de uma rotina alucinada.
Vejo que esse ativismo
está matando as pessoas, causando frustração, depressão, sobrepeso,
hipertensão. No caso das mulheres, isso se agrava pelo fato de elas terem
múltiplas funções. Quando têm filhos, por exemplo, o pai pode até estar
presente e fazer muitas coisas, mas há outras que somente a mãe pode fazer,
como amamentar, dar aquele colo especial, sei lá... É difícil de explicar o
sentimento que só uma mãe causa em seus filhos, porque é algo muito profundo,
umbilical.
Não quero esse
ativismo pra mim. Essa ânsia por mais dinheiro, status, poder. Só quero não
passar necessidade, nem situações constrangedoras ou perigosas por falta de
dinheiro. Quero paz; hora para trabalhar e hora para descansar; ócio criativo; qualidade
de tempo; tempo, enfim. E a liberdade de poder viver a minha essência feminina da maneira que acredito.